Com que roupa eu vou?

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Lúcia Cristina Pereira
Consultora de RH e Psicóloga Clínica

Em tempos de desemprego, e de supervalorização das empresas, flexibilização das leis trabalhistas, cada vez mais nos afastamos de um ideal antigo, que é o de equilibrar patrão e empregado em um mesmo patamar, de forma a respeitar o individuo como ser humano com características únicas, com habilidades que diferem cada ser, ao invés do que tem ocorrido: Considerarmos todos como iguais, como simples mão de obra barata.

É nesse ambiente, perverso, onde as decisões são tomadas de forma vertical, que deixa o empregado refém de critérios pré-estabelecidos de funcionário padrão, ou seja, o funcionário é apenas considerado um qualquer. É nesse cenário que prolifera aquele famoso jargão de que “o empregado deve vestir a camisa da empresa”. Tal ideal surge presunçosamente, como uma verdade absoluta, fazendo com que os funcionários, se alienem, e tirem suas próprias camisas, deixando-as de lado ou jogando-as no lixo. Nesse momento, abandonam suas próprias personalidades.

E chega um momento, como tudo na vida, que aquele sujeito não serve mais para a empresa, e quando sai fica “descamisado”, pois não sabe mais onde foi parar a sua camisa.

Trocando em miúdos: Isso quer dizer perda de identidade. Enquanto o funcionário esta na empresa “X” ele é o fulano da “X”. Quando ele sai é Fulano apenas. E aí? Passa a ser ninguém. Isto é, ele só é reconhecido quando trabalha para uma empresa que além de lhe dar o nome, lhe confere status, valor e prestígio.

O funcionário tem é de vestir a própria camisa. Ele é uma idéia com um corpo para realizá-la. Ele é o capital humano de uma empresa. Humano, pois é um agente de mudança, criador e transformador de conhecimentos. Ele vem para agregar valor. Ocupar um cargo que precisa ser desenhado a cada instante. A empresa é uma oportunidade para a realização de suas idéias. E quando ele veste sua camisa pode formar uma verdadeira equipe com a empresa, jogando no mesmo time. Já deixa de ser fulano da empresa “X”, e passa a ser a empresa “X” de fulano, sicrano, beltrano, José, Fernanda etc. Ele tornar-se um sujeito, que ao ser promovido deixa seu cargo mais enriquecido, digno de aplausos, onde ele jamais vai ser esquecido. E quem ganhou com isso? A empresa. Ela se vale do desenvolvimento dele, e ambos suam suas próprias camisas. Pois na verdade ninguém trabalha, talvez raras exceções, por motivos altruísticos, trabalham pela contrapartida salarial e social. Quem trabalha só para a empresa não contribui em nada para o desenvolvimento da organização, vez que estão lá para cumprirem ordens, não para questionar. Melhoram apenas quando pressionados ou cobrados casos contrários permanecem onde estão, sem mudanças.

Já quem tem objetivo pessoal comprometem-se com os objetivos empresariais, jogam no mesmo time da empresa, faz a mesma ganhar com suas sugestões e idéias, pois querem realizar-se profissionalmente levando automaticamente a empresa a alcançar suas estratégias organizacionais. E o mais importante: Nunca esquecem, quem eles mesmos são.

Com que roupa eu vou?

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